terça-feira, 23 de novembro de 2010

À um sobrinho chamado Chico!

Preparou a isca no anzól com bastante atenção para não errar de novo , e após ter examinado o resultado, soltou a trava da carretilha, pressionando o polegar na bobina de linha para fazer o lançamento da chumbada com os três anzóis  distanciados a 30 cm um do outro.
No anzól mais próximo ao chumbo de formato piramidal, havia espetado uma tatuíra, capturada num dos buraquinhos borbulhantes da areia após a lâmina de água da onda ter retornado ao mar...
No anzól " do meio" um camarão sete barbas...
No "superior" à 90 cm do chumbo, uma pequena posta de tanhota ou parati como chamam o peixinho que surfa nas ondas quebrando próximas à costa...
Entrou n´água, aparando as pequenas ondas com boas barrigadas, até ter sua cintura já coberta...e só então fez o lançamento...
-Uau...e que lançamento!
Setenta metros de linha 0.38 desenroladas do carretel de sua Penn...
Voltou pro " sêco" se cuidando prá não cair na água...as ondas pareciam muito mal intencionadas naquela manhã de domingo.
Mal olhou para o larga mar, de ondas sem quebrarem, e ficou vermelho de emoção...
Seu coração disparou...
O tranco foi tão violento, que a Penn estourou deixando a linha correr se embaralhando numa bela cabeleira...
A vara de  fibra de vidro verde degradé, se curvou, quase quebrando!
-E agora Chico?
-Parece que o bicho é bem grandão , vai ver é um bagrão ou um baiacú, tio!!!!
Os parafusos da carretilha Penn saltando e se enterrando na areia em meio às tatuíras e corruptos...
Olhou prá trás...30 m de areia, uma rua asfaltada e algumas casas adiante.
Vergonha de sair correndo em direção à rua?
Nada!
Seus dois sobrinhos, à quem ensinava a arte de pescar esportivamente com elegância, olharam meio assustados a reação do pescador de araque!
Já estava quase saltando o muro da casa à frente da rua quando se deu conta que nessa altura, o bicho já deveria estar na areia e longe da água.
-Largo...largo e largo! falaram os dois sobrinhos aprendizes de pescadores...ao tiozão sortudo.
Juro e juro que o robalo flecha de 2.850 kg já estava extenuado e não sobreviveria ao devolvimento ao mar...para se completar a boa ação de um  bom e honesto pescador esportivo!
Também juro que a barriga dos três pescadores já roncavam e suas bôcas salivavam só de imaginarem o troféu enrolado em fôlhas de bananeira, temperado com alfavaca e outras ervas, assando sobre as pedras de um brazeiro...

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